sábado, 16 de fevereiro de 2008

Oposição diz que criação de USF esqueceu metade do país

Enquanto o primeiro-ministro e a nova ministra da Saúde louvavam ontem em Torres Vedras as vantagens da transformação de centros de saúde em unidades de saúde familiar (USF), no Parlamento a oposição defendia que as unidades criadas estão muito aquém das prometidas pelo Governo e que a reforma não resolve todos os problemas das populações e tem esquecido o interior do país.
Ontem, José Sócrates, acompanhou a nova ministra Ana Jorge numa vista a algumas das USF com melhores níveis de satisfação, num claro sinal de que a reforma dos cuidados primários é prioritária. Ao fim de um ano, "com as 105 USF, temos mais 150 mil portugueses com médico de família", defendeu Sócrates, citado pela Lusa.
No Parlamento, contudo, o discurso era outro. O líder da bancada comunista, Bernardino Soares, considerava que os resultados positivos desta forma de organização dos cuidados estão "longe da propaganda" feita pelo Governo. "As 105 USF criadas ficam muito aquém das 200 prometidas pelo Governo para 2006", frisou, pedindo a apreciação parlamentar do diploma do Governo que estabelece as formas de organização e os incentivos aos profissionais das USF.
A possibilidade de as unidades serem geridas por privados é, para PCP e BE, a porta aberta para a privatização encapotada dos cuidados primários, pedindo que essa possibilidade seja retirada da lei. Uma ameaça a que o secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos, desvalorizou, considerando que "a prioridade são as unidades públicas" e que "as restantes terão um papel suplementar".

In Público, 16/02/2008