quinta-feira, 6 de março de 2008

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Neurocirurgia no Hospital de Faro tem lista de espera de quase um ano
Público, 06.03.2008

O serviço de Neurocirurgia do Hospital de Faro está com um lista de espera de cerca de uma centena de utentes e o tempo de demora para conseguir uma operação ultrapassa os 300 dias. A denúncia foi ontem feita pelo coordenador da Unidade de Saúde Familiar âncora, João Luís, durante a visita que a ministra da Saúde, Ana Jorge, fez ao Centro de Saúde de Olhão. O défice de especialistas no Algarve é particularmente sentido em diversas áreas da medicina e não têm existido incentivos para levar os profissionais a abandonar os grandes centros urbanos.
A ministra Ana Jorge garantiu que está nas suas "preocupações" definir um conjunto de incentivos para que a região algarvia "reforce a capacidade" de oferta em médicos especialistas, mas disse não ter ainda respostas no curto prazo. O Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Faro conta apenas com dois médicos da especialidade. Questionada sobre o problema das listas de espera, a ministra respondeu: "Tem de ser feito um esforço de colaboração com os hospitais e a Administração Regional de Saúde [ARS] para que a região consiga captar estes profissionais de saúde."
Nas instalações da Unidade de Saúde Familiar (USF) âncora, em Olhão, a funcionar há 17 meses, o clínico responsável disse que os profissionais que ali trabalham ultrapassam em 30 por cento os objectivos do serviço. Para assistir a 8700 doentes inscritos, há cinco médicos e cinco enfermeiros, e ainda não receberam qualquer remuneração extra. Por isso, o clínico aproveitou para exigir uma clarificação da situação. "Não queremos o "sim, talvez, logo se vê...", disse João Luís aos jornalistas, no final da visita. Ana Jorge, por outro lado, afirmou que esperava "até final do mês" fechar as negociações com os sindicatos sobre o modelo de incentivos aos médicos e enfermeiros que trabalham nas USF.
Durante a deslocação ao Algarve, Ana Jorge inaugurou, ainda em Olhão, a Unidade de Desabituação - uma das quatro existentes no país, destinada a apoiar quem pretende desintoxicar-se do consumo de álcool ou drogas. Na ocasião, o presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência, João Goulão, lembrou que os hábitos de consumo de drogas alteraram-se. "Hoje, as pessoas utilizam as drogas de uma forma mais ligada ao lazer", e passou a predominar o policonsumo. A população de toxicodependentes, frisou, está a "envelhecer". O médico considera que o grupo etário dos 15 aos 19 anos já não é mais representativo na experimentação de estupefacientes. A faixa etária compreendida entre os 20 e os 30 anos é a que lidera os consumos.
Ana Jorge garantiu que é sua preocupação definir incentivos para o reforço de especialistas na região algarvia